terça-feira, 28 de novembro de 2017

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra - Eu Não Sou Seu Negro - Nesta Quinta dia 30/11/2017 - Entrada Franca


Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra

Confira a programação abaixo.
A entrada é franca.
Participe.
Local: Clube de Cultura, rua Ramiro Barcelos, 1853.
Horário: 19h30min.
Entrada Franca

09 de novembro – Racismo: uma história (doc BBC, parte 1, 2007, 58min), de Paul Tickell, e Brasil: uma história inconveniente (2000, 46min), de Phil Grabsky

Racismo: Uma História - é um documentário produzido pela BBC Four (2007) em comemoração ao bicentenário do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807, inserido na chamada "Abolition Season", promovida pelo canal inglês.
Brazil: An Inconvenient History (Brasil: Uma história inconveniente) é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.

16 de novembro – A negação do Brasil (2000, 92min), de Joel Zito Araújo

Vencedor do Festival "É Tudo Verdade de 2001", o documentário traz à tona a história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela brasileira. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e, particularmente, uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

23 de novembro – Libertem Angela Davis (2012, 102min), de Shola Lynch

Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nesta época, ela se tornou a mulher mais procurada dos Estados Unidos. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.

30 de novembro – Eu não sou seu negro (2016, 93min), de Raoul Peck

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos.
Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.

Realização: Clube de Cultura
Apoio: E o Vídeo Levou e grupo Dimensão Experimental



"Eu não sou seu negro
Por: Juliana Gonçalves e Norma Odara
"A história dos negros na América é a história da América. E não é uma história bonita". Essa é uma das frases que aparecem nos primeiros minutos do documentário ''Eu não sou seu negro”, dirigido pelo haitiano Raoul Peck. O roteiro é construído a partir do livro inédito e inconcluso do escritor estadunidense James Baldwin (1924 – 1987), batizado de Remember This House (1979).
A obra traça a história racial conflituosa em território americano a partir dos assassinatos de três dos principais líderes negros da história: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King, todos "mortos com menos de 40 anos" em um intervalo de apenas cinco anos (Evers, em 1963; X, em 1965; King, em 1968).


Além do livro, o diretor Raoul Peck se vale de cartas, trechos gravados de discursos e entrevistas de Baldwin para estruturar o longa-metragem que, por isso, tem seu nome também assinando o roteiro e poderosa narração de suas palavras feita pelo ator Samuel L. Jackon.
São 95 minutos que causam desconforto, dor, empatia pela população negada da América. Aqueles que tornaram possível o "American way of life", sustentado pela mão de obra barata de negros e em solo encharcado com sangue indígena.
O filme traz flashes da história americana, pautada pela escravidão, pelas leis segregacionistas, pela violência policial que dizima ainda hoje muitas vidas, ao passo que apresenta o revide negro, as marchas, os Panteras Negras e o recente movimento do Black Lives Matter.




Todo esse contexto vai traçando a construção da imagem do negro feita a partir do olhar branco e a desvalorização da vida negra. "Antes precisavam da gente para colher algodão, agora que não precisam mais estão nos matando", dispara Baldwin.
A identidade negra e o discurso do "outro"
Na África, eram ketu, fons, ashanti, zulu e tantas outras nações. Depois do translado forçado, todas as pessoas traficadas do continente africano foram batizadas pelos europeus de 'negros'. A classificação, que promove o sequestro da identidade e da humanidade do povo africano, dá licença para que todo tipo de violência seja imposta ao corpo negro.
"O branco é uma metáfora para o poder", diz Baldwin a certa altura. O filme é poderoso justamente por elevar o nível do debate racial, em que os brancos devem tomar a responsabilidade pela sociedade desigual e racista existente até hoje.




O filme resgata o legado de dor e exploração que a comunidade negra é submetida até os dias atuais como fruto e responsabilidade da branquitude e do sistema capitalista. A socióloga inglesa Ruth Frankenberg, em seus estudos, define a branquitude como "um lugar estrutural de onde o sujeito branco vê os outros e a si mesmo, uma posição de poder, um lugar confortável do qual se pode atribuir ao outro aquilo que não se atribui a si mesmo”.





O diretor Peck exemplifica essa ótica ao resgatar trechos de filmes clássicos que refletiam como os brancos viam os negros, por vezes dóceis e passivos perante sua condição de escravizados (como em A Cabana do Pai Tomás, de 1927), ou selvagens, predadores, membros de uma cultura inferior (a exemplo de King King, de 1933).
Outro filme citado como emblemático das relações raciais é o Acorrentados, de 1958. Nele, o personagem negro (interpretado por Sidney Poitier) rejeita a possibilidade de liberdade para não abandonar o companheiro branco de fuga. Para Baldwin, o sacrifício negro como desfecho dessa história simboliza a resposta mais confortável para o público branco.
Essa projeção branca sob o corpo negro, como traz a doutora em Psicologia Maria Aparecido Bento, é “nascida do medo, cercada de silêncio, fiel guardião dos privilégios”. O medo e o terror do corpo negro seriam para Baldwin impulsionadores da violência branca.



A certa altura Peck contrapõe imagens de clássicos de Hollywood com imagens de negros enforcados em árvores, negros que sofreram linchamento, jovens apanhando da polícia, pessoas brancas agredindo e cuspindo em pessoas negras. Sobre isso, Baldwin comenta: "Não há como vocês (brancos) fazerem isso com a gente sem se tornarem monstros".
Lutar com palavras
Baldwin apoiava a luta pelos direitos civis americanos, embora não estivesse em pleno acordo nem com o discurso da não violência de Martin Luther King, nem com as ideias mais radicais de Malcolm X. Era um intelectual. Tinha no seu trabalho escrito sua maior plataforma de ativismo.
É o seu discurso certeiro que chama os brancos a se responsabilizarem pelas desigualdades raciais que mantêm seus privilégios, o elemento mais transformador do filme.
A população branca deste país tem que se perguntar por que foi necessário haver 'os negros' no passado. Mas eu não sou um negro, sou um homem. Mas se você pensa que sou um negro, significa que você precisa de um, então precisa se perguntar por quê.





www.youtube.com/watch?v=fUsO4A8z4Vg

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Jogos da liga da Canela Preta


O grupo Dimensão Experimental apoia essa iniciativa da Liga da Canela Preta.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Lançamento do Livro - Emprego Doméstico hoje, dia 24 e FestArteira - a gente quer comida, diversão amanhã (sábado), dia 25/11/2017 no Clube de Cultura.



Lançamento do Livro - Emprego Doméstico

O emprego doméstico é uma ocupação singular no Brasil, não obstante a sua importância para a garantia da limpeza, higiene e cuidado das famílias, possui elevado nível de informalidade, baixos salários, empregando principalmente mulheres negras, com baixa escolaridade. Houve, nos últimos 20 anos, mudanças profundas no emprego doméstico brasileiro realativas ao perfil das trabalhadoras, às características da ocupação e melhorias na regulamentação do trabalho, com a aprovação da Lei Complentar n.150 de 2015. O emprego doméstico passou a ser melhor remunerado, as trabalhadoras mais maduras, com maior nível de escolaridade e segurança jurídica, características que podem sofrer retrocessos diante da crise econômica e política recente. A compreensão da realidade brasileira perpassa a análise sobre a importância do emprego doméstico, já que está ligado com as características estruturantes da sociedade e da economia do país, deitando raízes em nosso passado escravocrata e patriarcal.

Pensando nisso, convidamos a todas e todos, para o lançamento do livro "Emprego doméstico no Brasil: raízes históricas, trajetórias e regulamentação"! No evento faremos uma roda de conversa com as/os atuores e convidadas/os!


FestArteira - a gente quer comida, diversão

O Coletvo Arteiros vai aprontar mais uma!

No dia 25 de novembro a trupe vai montar o circo no Clube de Cultura para realizar a FestArteira! Um evento que vai reunir feira e exposição de arte-artesanato, feirinha de comidas, atrações musicais e um bailinho para animar a noite de sábado!

<<< Fique ligado na programação >>>

>>> 16h - FeirArteira no Clube de Cultura
A feira dos arteiros reúne fotografia, artes visuais (ilustrações, cartuns, charges...), cerâmica, arte e artesanato têxtil (bordados, patchwork, crochês, feltragens, acessórios com chita), jóias artesanais (pedrarias e prata), livros (editora Libretos), além do fino e elegante Brechó da Alice!

>>> 19h - Início da FestArteira - Auditório Henrique Scliar
Música, chope, quitutes, bate-papo...

>>> 20h- Atrações musicais com Ana Lima / Estaban Hidalgo

>>>22h - O baile fica por conta do DJ Daizon!

>>>AÇÃO ENTRE AMIGOS <<<
Isso mesmo! Ao invés de ingressos, até porque a entrada é franca, você pode comprar números da sorteio que vai premiar quem estiver no evento com diversos produtos dos arteiros!

Cada número sai por R$5,00 e tu leva quantos quiser.
Fique ligado nas informações para saber a data do sorteio!

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Coletivo Arteiros - comunidade de arte itinerante vinculada à Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (ALICE), organização não governamental que existe desde 1999 e trabalha para revelar o que a sociedade não vê, defendendo o direito de todos à comunicação, à cultura e à arte. A ALICE desenvolve projetos alternativos e autônomos, envolvendo comunidades ignoradas pela mídia tradicional e negligenciadas pelas políticas públicas. Entre os trabalhos realizados, destacam-se o jornal Boca de Rua - redigido, editado e vendido por moradores de rua de Porto Alegre há 16 anos - e o Direito à Memória e à Verdade.

Quem são Arteiros:

Cartunistas: Santiago, Ubertti, Bier, Moa, Edgar Vasquez, Rafael Correa, Bruno Ortiz
Artes Plásticas: Ernani Chaves, Lídia Fabricio, Amaro Abreu, Silvia Marcuzzo,Dani Mei, Augusto Abreu
Artesanato: Nina de Oliveira, Guilherme Guterres, Rosina Duarte, Seiva Sabonetes Artesanais, Ilce Abreu
Fotografias: Luiz Abreu, Otavio Teixeira, Marco Nedeff, Dudu Tavares, Marco Couto, Felipe Farias
Jóias Artesanais: Antonio Perra
Livros: Editora Libretos


O grupo Dimensão Experimental apoia essas parcerias que estão acontecendo no Clube de Cultura.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Cine Clube de Cultura- Ciclo Consciência Negra - Libertem Angela Davis - Nesta Quinta, dia 23/11/2017


No mês da consciência negra o Cine Clube de Cultura apresenta uma programação especial propondo uma reflexão sobre o racismo no mundo e na sociedade brasileira.

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra

Confira a programação abaixo.
A entrada é franca.
Participe.
Local: Clube de Cultura, rua Ramiro Barcelos, 1853.
Horário: 19h30min.

09 de novembro – Racismo: uma história (doc BBC, parte 1, 2007, 58min), de Paul Tickell, e Brasil: uma história inconveniente (2000, 46min), de Phil Grabsky

Racismo: Uma História - é um documentário produzido pela BBC Four (2007) em comemoração ao bicentenário do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807, inserido na chamada "Abolition Season", promovida pelo canal inglês.
Brazil: An Inconvenient History (Brasil: Uma história inconveniente) é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.

16 de novembro – A negação do Brasil (2000, 92min), de Joel Zito Araújo

Vencedor do Festival "É Tudo Verdade de 2001", o documentário traz à tona a história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela brasileira. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e, particularmente, uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

23 de novembro – Libertem Angela Davis (2012, 102min), de Shola Lynch

Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nesta época, ela se tornou a mulher mais procurada dos Estados Unidos. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.

30 de novembro – Eu não sou seu negro (2016, 93min), de Raoul Peck

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos.
Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.

Realização: Clube de Cultura
Apoio: E o Vídeo Levou e Grupo Dimensão Experimental



Quem é Angela Davis por; Rosane Borges

Angela Yvonne Davis é uma feminista negra estadunidense, nascida no Alabama (um dos estados mais racistas dos EUA), em 1944, uma intelectual do mais alto gabarito, filósofa, professora emérita do Departamento de Estudos Feministas da Universidade da Califórnia, uma mulher que pertenceu a uma geração em que a luta política foi uma arena fundamental para a mudança do mundo. Sabemos o quanto os anos 60 do século passado se constituíram numa década importante para a transformação social; avaliada como um clarão na história da humanidade, abrigou movimentos variados em todo o mundo, irmanados por uma onda de insatisfação que advinha de diversos focos.



O Maio de 68, a Primavera de Praga, o movimento feminista, o movimento hippie, o movimento estudantil, o movimento negro, entre outros grupos, firmaram-se como expressões de contestação e reafirmação das lutas anticapitalistas. Podemos dizer que a professora da Universidade da Califórnia, ícone do feminismo negro, é filha legítima dessas inquietações que alteraram mentalidades, situando-se no campo da intervenção social, no combate do racismo e do sexismo. Marxista de formação, foi orientanda do pensador Herbert Marcuse, integrante da Escola de Frankfurt, cuja teoria entrelaça elementos da Psicanálise freudiana e do marxismo crítico – influência que a fez ainda mais convicta de suas inclinações socialistas e comunistas já esboçadas quando, aos 14 anos, fez intercâmbio no Greenwich Village, Nova Iorque, onde teve contato com a literatura comunista.



Dessas formações, Angela Davis colheu elementos para a construção de sua própria trajetória, filiando-se ao Partido Comunista e aos movimentos negro e feminista, a exemplo da SNCC, de Stokely Carmichael, e depois o Black Power e os Panteras Negras. A sua carreira política ganha visibilidade mundial na década de 1970, quando é presa pela acusação grave de conspiração, sequestro e homicídio, em virtude de uma suposta ligação sua com uma tentativa de fuga do tribunal do Palácio de Justiça do Condado de Marin, em São Francisco.


Tornou-se, em virtude disso, a terceira mulher a integrar a Lista dos Dez Fugitivos Mais Procurados do FBI. A fibra moral e ética de Angela Davis a torna uma mulher absolutamente comprometida com a mudança social, a partir da reflexão e da prática. Desse modo, ela nos lega obras fundantes para o feminismo negro, em particular, e o movimento negro, em geral.


O livro Mulheres, raça e classe é, a meu ver, um clássico que ombreia com outros da Sociologia e da teoria social. E insisto: o epíteto não é nenhuma extravagância retórica. Adoto o conceito de clássico cunhado pelo pensador Norberto Bobbio, para quem um clássico é um intérprete único de seu tempo, com tamanha reserva de atualidade que cada época e cada geração têm a necessidade de relê-lo, de reinterpretá-lo.



Um clássico cria teorias-modelo com vistas à compreensão da realidade, de tal sorte que consegue até mesmo explicar contextos diferentes daquele em que foi gestado. E é isso que a obra de Angela Davis nos possibilita. Para quem não a conhece, podemos dizer que é a mulher dos fundamentos, somos dela devedoras e devedores, uma contemporânea, no sentido em que Agamben reatualiza de Nietzsche: uma mulher que vive o seu tempo, mas que toma posição em relação ao presente, “pertence ao seu tempo, mas não coincide perfeitamente com ele; adere a ele, ao mesmo tempo que dele toma distância”. Talvez seja por isso que ela tenha sido considerada tão perigosa para o establishment.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Sarau das Resistências - Amanhã, dia 18/11/2017 no Clube de Cultura


Sarau das Resistências

Amigas e amigos do Comitê Carlos de Ré, estamos quase finalizando o ano de 2017, e como uma tradição do Comitê, estamos mais um ano propondo um momento de confraternização através do tema "Sarau das Resistências". Como temos ao longo deste ano manifestado e nos solidarizado, estamos vivendo um período de intenso ataque as organizações e coletivos que lutam diariamente em defesa dos Direitos Humanos fundamentais. Estamos propondo este como um momento de uma troca alegre entre as muitas resistências e lutas que circulam pela cidade.

Esperamos à todas e todos com o palco e os braços abertos no próximo sábado do dia 18 de novembro, a partir das 19h, no histórico Clube de Cultura, na rua Ramiro Barcelos, 1853

O grupo Dimensão Experimental apoia esse evento no Clube de Cultura.

Ro e Ricardo no Clube de Cultura - Hoje dia 17/11/2017.


O grupo Dimensão experimental apoia mais essa iniciativa do Clube de Cultura.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Exposição Oppressed de Itapa Rodrigues no Bestiário


O atelier O Bestiário tem nova exposição.

OPPRESSED

As cores vibrantes, o brilho do esmalte e os títulos dos trabalhos desta exposição (the superwoman, oppressed, foda-se a mídia, cabeça com guampa, brazilian club, autorretrato com monstros marinhos e caravela, derramado, stories from mars, cortes, sereia, esmalte brilhante, o homem-calendário, saída/exit, bóris pequeno, my last trip to são paulo, free art, as três cadeiras de loster, entre outros) nos permitem inferir algumas pistas a respeito dos interesses que afetam o imaginário de Itapa Rodrigues e transformam-se em temáticas de seu trabalho artístico - sua memória pessoal e familiar, seres imaginários, problemas sociais e políticos atuais e o próprio processo de pintura.


Renato Heuser foi seu professor de pintura no Instituto de Artes da UFRGS, com o mestre compartilhou o gosto pela música, vídeo e muitas conversas nas horas do chá. A influência desse convívio pode ser percebida na sua pintura por meio da busca de uma linguagem pictórica própria, na qual as múltiplas camadas de cores são visíveis pela presença do gesto, solto e marcado. Diferente do mestre, para quem a pintura não contém um desenho e se constitui na linguagem pictórica pura, para Itapa o desenho tem um papel importante no seu modo de trabalhar. Geralmente usa como referência seus sketches feitos sem pretensão, e em alguns casos faz um desenho específico para ser pintado depois. Para ele, ‘isso deixa minha construção de imagens mais pronta para dialogar com a minha realidade e com a minha relação com o mundo de maneira mais rápida e direta, usando elementos mais do dia a dia’. Seu processo de pintura envolve ainda o trabalho com a escolha e/ou o encontro de materiais para construção dos diferentes suportes, que também são preparados por ele: chapas de compensado, madeiras, objetos, telas, portas de carros, entre outros. Em alguns casos o suporte é todo preparado em conjunto, noutros, só depois de pronta a pintura é que começa a procura pela moldura.


Personagens de suas histórias em fanzines, ganham na pintura uma feição que, segundo o artista tem alguma influência da "lowbrow art", movimento que emergiu na cena underground do leste dos Estados Unidos no final dos anos 1970. Itapa faz referência aos artistas dessa época, não pelo emprego da figuração pop surreal, ou o uso de bonecos, pintados com cores pálidas e noturnas, que eles cultivavam, mas antes pela atitude, e, quem sabe, por uma vivência num contexto cultural semelhante - vinculado à cena que promove as feiras gráficas, a arte urbana, o grafite, o circuito de música alternativa da qual o artista também faz parte.


A exposição OPPRESSED, de Itapa Rodrigues, constitui-se de obras de 2017 incluindo algumas de 2016. Destaco, dentre elas as suas figuras femininas - personagens enigmáticas, voluptuosas, livres e estranhas. Com tons de vermelho, branco e preto que ganham pintadas sobre tela parecem adentrar a noite em luxúria.



Esta exposição é assim uma oportunidade única de acompanhar esse conjunto que se deseja tornar disperso, ocupando outros espaços nas casas de seus novos apreciadores.

Elaine Tedesco


O Bestiário fica na rua Cristóvão Colombo, 51.

O Grupo Dimensão Experimental apoia essa iniciativa de o Bestiário.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra - A Negação do Brasil - Nesta Quinta dia 16/11/2017


No mês da consciência negra o Cine Clube de Cultura apresenta uma programação especial propondo uma reflexão sobre o racismo no mundo e na sociedade brasileira.

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra

Confira a programação abaixo.
A entrada é franca.
Participe.
Local: Clube de Cultura, rua Ramiro Barcelos, 1853.
Horário: 19h30min.

09 de novembro – Racismo: uma história (doc BBC, parte 1, 2007, 58min), de Paul Tickell, e Brasil: uma história inconveniente (2000, 46min), de Phil Grabsky

Racismo: Uma História - é um documentário produzido pela BBC Four (2007) em comemoração ao bicentenário do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807, inserido na chamada "Abolition Season", promovida pelo canal inglês.
Brazil: An Inconvenient History (Brasil: Uma história inconveniente) é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.

16 de novembro – A negação do Brasil (2000, 92min), de Joel Zito Araújo

Vencedor do Festival "É Tudo Verdade de 2001", o documentário traz à tona a história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela brasileira. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e, particularmente, uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

23 de novembro – Libertem Angela Davis (2012, 102min), de Shola Lynch

Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nesta época, ela se tornou a mulher mais procurada dos Estados Unidos. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.

30 de novembro – Eu não sou seu negro (2016, 93min), de Raoul Peck

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos.
Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.

Realização: Clube de Cultura
Apoio: E o Vídeo Levou e Grupo Dimensão Experimental


A NEGAÇÃO DO BRASIL - Sinopse

O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.



A Negação do Brasil por Leonardo Campos em 16 de maio de 2017

Basta olhar nas redes sociais para estabelecer a análise: o Brasil é um país muito racista. Diferente dos Estados Unidos e do seu debate mais caloroso, aqui a questão é maquiada por uma agenda de disfarces mais tenebrosa que o movimento Blackface, um dos alvos da crítica deste documentário conduzido de forma didática, mas não menos interessante, um material que exala as celeumas do preconceito racial por todos os poros de seu tecido narrativo.


Oriundo de uma investigação contundente e detalhes da sua memória, o cineasta Joel Zito Araújo traz para a linguagem cinematográfica o material do seu livro homônimo, A Negação do Brasil, editado pela Cosac & Naify, uma referência na seara dos estudos sobre os movimentos intelectuais dos negros em nosso país. Fruto de sua tese de doutorado, o estudo é um profundo e triste retrato do racismo que dominou as telenovelas brasileiras ao longo da história deste suporte narrativo-midiático.


O que antes víamos com ludicidade e afeto, pelo olhar crítico e investigativo de Joel Zito Araújo, torna-se uma denúncia bem realizada. A felicidade no final de A Escrava Isaura, adaptação do romance de Bernardo de Guimarães, com a libertação dos negros por um heroico homem branco; as vilãs negras que conduziam os espectadores ao ódio; as cartas que Zezé Motta recebeu ao trabalhar como par romântico de um galã global; estas são apenas algumas das histórias entre tantas outras cenas humilhantes e deprimentes, ao qual muito dos nossos atores brasileiros negros foram submetidos para conseguir manter-se dentro do esquema de produção.



E para os que acham que o assunto é balela ou parte de uma sociedade “mimizenta”, basta olhar atentamente para a programação televisiva contemporânea, em especial, a aberta, mais especial ainda, a poderosa Rede Globo. Ano passado, acordei sem vontade de causar polêmica, conduzido pela paz e vontade de não ter que levantar bandeira pelo menos por aqueles instantes. Mas a televisão, onipresente tanto na minha quanto em várias residências ao redor deste país, apresentava um personagem parte de um jogo de culinária no programa de Ana Maria Braga, vestido dentro do esquema Blackface, leia-se, com a pele pintada de preto.


Não estou alegando, com esta informação, que o rapaz tenha sido racista, mas no mínimo pouco informado e desorientado por uma equipe que deveria ser mais cuidadosa, pois não é o ato em si, mas o que ele representa. Sabemos que tal atitude nos remete a uma violência simbólica histórica que não deve ser ignorada. O que dizer de Sexo e as Negas, de Miguel Falabella? Interessante por trazer o debate? Sim, mas cheio de estereótipos que não foram bem trabalhados. Acredito, caro Joel Zito Araújo, que em tempos de Big Brother Brasil, seja a hora de A Negação do Brasil 2, o que acha?


terça-feira, 7 de novembro de 2017

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra - Começa dia 09/11/2017


Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra

Confira a programação abaixo.
A entrada é franca.
Local: Rua Ramiro Barcelos, 1853
Horário: 19h30min.
Participe.


09 de novembro – Racismo: uma história (doc BBC, parte 1, 2007, 58min), de Paul Tickell, e Brasil: uma história inconveniente (2000, 46min), de Phil Grabsky

Racismo: Uma História - é um documentário produzido pela BBC Four (2007) em comemoração ao bicentenário do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807, inserido na chamada "Abolition Season", promovida pelo canal inglês.
Brazil: An Inconvenient History (Brasil: Uma história inconveniente) é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.


16 de novembro – A negação do Brasil (2000, 92min), de Joel Zito Araújo

Vencedor do Festival "É Tudo Verdade de 2001", o documentário traz à tona a história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela brasileira. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e, particularmente, uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.


23 de novembro – Libertem Angela Davis (2012, 102min), de Shola Lynch

Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nesta época, ela se tornou a mulher mais procurada dos Estados Unidos. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.


30 de novembro – Eu não sou seu negro (2016, 93min), de Raoul Peck

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos.
Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.



RACISMO - UMA HISTÓRIA - DOCUMENTÁRIO EM 3 PARTES DA BBC
É a mais superficial das diferenças humanas, tem apenas a profundidade da pele. No entanto, como construção ideológica, a ideia de raça impulsionou guerras, influenciou a política e definiu a economia mundial por mais de cinco séculos.
O programa aborda as teorias raciais desenvolvidas na era vitoriana, a eugenia, o darwinismo social e o racismo científico, desenvolvendo a narrativa a partir da descoberta dos restos mortais encontrados no deserto da Namíbia pertencentes às primeiras vítimas do que ficaria conhecido como campo de concentração, 30 anos antes de o nazismo chegar ao poder na Alemanha.


Tais teorias levaram ao desenvolvimento da Eugenia e das políticas raciais nazistas.
O documentário sustenta que os genocídios coloniais, o campo de morte da ilha de Shark, a destruição dos aborígenes tasmanianos e os 30 milhões de indianos vítimas da fome, foram apagados da história da Europa, e que a perda desta memória encoraja a crença de que a violência nazista foi uma aberração na história daquele continente. Mas que, assim como os ossos ressurgidos no deserto da Namíbia, esta história se recusa a ficar enterrada para sempre.


RACISMO - UMA HISTÓRIA – EPISÓDIO 1 - A COR DO DINHEIRO
RACISMO - UMA HISTÓRIA - EPISÓDIO 2 – IMPACTOS FATAIS
RACISMO - UMA HISTÓRIA - EPISÓDIO 3 – UM LEGADO SELVAGEM
O CLUBE DE CULTURA VAI APRESENTAR NESTA QUINTA-FEIRA, DIA 9 A PRIMEIRA PARTE 1 "A COR DO DINHEIRO".


BRASIL UMA REALIDADE INCONVENIENTE

Portugal, Brasil e diversas nações africanas foram responsáveis pela maior emigração forçada da história da humanidade.
Brazil: An Inconvenient History (Brasil: Uma história inconveniente) é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.

A “história inconveniente do Brasil” é uma história inconveniente de Portugal até 1808 (invasões francesas e fuga da corte para o Brasil) e do Brasil até 1888 (abolição oficial da escravatura) e dos diversos reinos africanos (capturavam e vendiam escravos aos traficantes). Uma história inconveniente para todos (à excepção dos próprios escravos).
Este documentário, sobre o passado colonial do Brasil, foi realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.


Este documentário, sobre o passado colonial do Brasil, foi realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.
Portugal foi responsável pela maior emigração forçada da história da humanidade.

De Angola chegou ao Brasil um número 10 vezes superior de escravos comparado à America do Norte.
Enquanto todo o mundo conhece a história da escravidão nos EUA, poucas pessoas percebem que o Brasil foi, na verdade, o maior participante do comércio de escravos. Quarenta por cento de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil, quando apenas 4% foram para os EUA.


Chegou uma época em que a metade da população brasileira era de escravos. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888.
O documentário apresenta depoimentos dos historiadores João José Reis, Cya Teixeira, Marilene Rosa da Silva; do antropologista Peter Fry e outras pessoas que contam os efeitos de séculos de escravidão no Brasil de hoje. Este é um importante documentário sobre a história dos negros, história africana e estudos latino americanos.

Realização: Clube de Cultura
Apoio: E o Vídeo Levou e Dimensão Experimental