sábado, 31 de março de 2012

PINK FLOYD THE WALL UMA OPINIÃO


Capa do álbum duplo The Wall de 1979 do gupo inglês Pink Floyd.


Pink Floyd (Rick Wright, David Gilmour, Roger Waters e Nick Mason)


Wet Dream (1978) primeiro álbum solo do Rick Wright


Rick Wright



Roger Waters The Wall Live em 2011 Foto Rafael Machado Silveira


Roger Waters The Wall Live em 2011 Foto Rafael Machado Silveira


Pink Floyd no Live 8 (David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason e Rick Wright)


PINK FLOYD THE WALL UMA OPINIÃO

Esta semana Porto Alegre viu um dos maiores shows musicais de sua história. Estou me referindo a apresentação da opera-rock The Wall do Pink Floyd lançado em fins de 1979 agora reapresentado pelo ex-baixista do grupo e principal idealizador da obra Roger Waters. Isto me fez ouvir todas as versões de The Wall que conheço inclusive na internet. Ouvi o albúm original de 1979, a versão ao vivo da tour de 1980/81 (para mim a melhor versão), The Wall Live Berlim de 1990 e a versão immersion disponibilizada agora em 2012 com demos e sobras de estúdio. Em todas a versões mantive a minha impressão que tive desde o inicio quando em janeiro de 1980 tive a oportunidade de ouvir pela primeira vez a obra The Wall e é o que eu pretendo expressar.

Gostaria de dizer antes de qualquer coisa que acho The Wall realmente um grande trabalho principalmente em termos de letras, gosto muito deste album, porem poderia ter sido um disco melhor se o Roger Waters tivesse sido mais aberto às outras idéias dos demais integrantes em especial o Rick Wright (que em minha opinião era a verdadeira alma musical do Pink Floyd, um verdadeiro anti-pop-star). Desconfio que talvez, The Wall pudesse mesmo ter sido o melhor disco inconteste da história do Pink Floyd em termos de crítica musical se Wright e Mason tivessem tido a oportunidade de contribuir, pois se tratava de uma idéia muito boa e forte. Os temas abordados em The Wall são realmente tocantes (fascismo, divisão, fragmentação, alienação, medo, conflito psico-social e educacional entre outros). É realmente tudo muito complexo, contudo, neste caso faltou em minha opinião um melhor equilíbrio entre a música e as letras. Roger Waters sempre foi o cara da organização, o administrador das idéias e das palavras no Pink Floyd. Todavia, no que diz respeito à música instrumental propriamente dita, este era um campo em que tanto David Gilmour quanto Rick Wright (principalmente) estavam mais acostumados e habilitados a trabalhar. Nick Mason normalmente contribuía sugerindo alterações no andamento das músicas,na sequência dos acordes da construção arquitetônica das harmonias e melodias, dentro processo de composição dos temas já criados por outros conforme ele mesmo diz em seu livro “Inside out” recém lançado no Brasil. Acho que poderia haver alguns temas instrumentais em The Wall, já que a obra parecia desde o início um filme, um roteiro cinematográfico. A música instrumental foi uma característica importante na identidade musical da banda que infelizmente na pratica quase se perdeu neste disco. A música do Pink Floyd tem sido classificada como cinemática, induzindo o ouvinte a criar imagens na cabeça (Interstelar Overdrive, A Saucerful of Secrets, Atom Heart Mother, Echoes, Mudmen, Absolutely Curtains, On the Run, Shine on you Crazy Diamond, Cluster One e Marooned, por exemplo). A música instrumental como recurso tem essa característica universal, hipnótica em alguns casos, pois uma vez que não existem palavras à imaginação voa livre convidando o ouvinte a uma viagem, relaxamento, tensão ou mesmo a reflexão. No cinema ela funciona tanto como parte da narrativa, algo que vem de dentro do filme (som ou música diegética), através, por exemplo, de um rádio ligado por um personagem, pois esta música faz parte da realidade vivida e ouvida por aquele personagem, ou então, quando vem de fora da cena, não sendo ouvida pelos personagens, pois não faz parte do ambiente, visando reforçar uma idéia, sensação (som ou música não diegética) ou uma impressão ou ainda uma característica psiquiquica da personalidade de algum personagem (som ou música meta-diegética). Este recurso (infelizmente) não usado em The Wall teria sido mais efetivo para o entendimento da mensagem proposta nas letras da obra, causando provavelmente um impacto ainda maior no nível inconsciente e um aprofundamento na percepção do ouvinte. A quase total falta de seqüências instrumentais é acredito a maior falha em The Wall. Os temas instrumentais serviriam para reforçar esta reflexão cinemática da mensagem das letras (o ponto forte do talento de Roger Waters) como aconteceu em The Dark Side of the Moon ou Wish you Were Here entre outros trabalhos que contava com um bom equilíbrio entre música e palavras. Rick Wright era o principal arranjador (e orquestrador) do Pink Floyd até o disco Animals de 1977. A magia e as texturas sonoras e timbrísticas construídas por seus teclados, seu toque por vezes agressivo, suave, clássico e jazzístico definiram com elegância e bom gosto os arranjos e as harmonias característicos do som do Pink Floyd desde o início da banda ainda com Syd Barrett, conectando no infinito as guitarras, baixo, bateria, vozes, colagens ou quaisquer instrumentos que por ventura fossem utilizados. É algo que se nota quando não está presente, pois Rick não era muito de solar (embora existam memoráveis solos de teclados como em Shine on you Crazy Diamond ou Any Color You Like), preferia construir o tapete sonoro como base para que o baixo, a guitarra e a bateria pudessem aparecer. Opinião compartilhada por David Gilmour, Nick Mason (outro que foi deixado de lado) e o próprio Waters em entrevistas quando da morte do tecladista. Tomando por base o álbum solo Wet Dream do Rick Wright (nem vou falar do álbum solo de 1978 do David Gilmour já que Confortably Numb, Young Lost e Run Like Hell que ficaram de fora deste disco acabaram sendo incluídos em The Wall) lançado quase na mesma época (1978), é muito difícil crer que nada daquele trabalho se encaixasse em The Wall ou mesmo em Animals (embora neste disco de 1977 não faltem boas seqüências instrumentais). Em Wet Dream existem vários temas instrumentais melancólicos, cinemáticos e reflexivos como, por exemplo, “Waves”, “Mad Yannis Dance”, “Cat Cruise”, “Drop From in the Top”, “Funk Deux” ou “Mediterranean C” que com outros nomes (para se adequar à idéia central de The Wall) com certeza poderiam ter sido aproveitados (sem contar às músicas que ficaram de fora da edição final de Wet Dream e que não foram aproveitadas em The Wall), aprofundando a temática do disco, caso o grupo já não estivesse em crise desde pelo menos as gravações de Animals. Naturalmente que se isto viesse acontecer algumas coisas em The Wall teriam de ser mudadas ou mesmo substituídas e o Roger Waters não estava aberto para isto na época. Ele se apegou demais a coisas muito pessoais, transformando a música da banda em algo mais convencional, uma tela neutra para que ele pudesse desenhar suas letras. Se for este o caso, então o mais ético era ter realizado The Wall como um álbum solo e jamais tê-lo apresentado aos demais integrantes como um trabalho a ser desenvolvido como um grupo. Também acho que o Roger Waters errou quando insistiu que a música da banda deveria ficar mais convencional ao chamar o Bob Ezrin (não que este não tivesse contribuído positivamente para a execução da obra) como produtor e principal arranjador de boa parte do disco (os outros eram o maestro Michael Kamen que fez os arranjos orquestrais e o próprio David Gilmour que fez a direção musical e co-produziu o disco junto com Waters) deixando de lado Nick Mason (Nick sempre foi muito bom na criação de colagens sonoras como “Speak To Me” de sua autoria na abertura de “The Dark Side of The Moon”) e o Rick Wright. Penso que o Roger Waters não podia simplesmente descartar os outros elementos do grupo em favor de alguém de fora. Ele podia sim agregar o Bob Ezrin (assim como aconteceu com o Ron Gessin em Atom Heart Mother de 1970 que junto com o Rick Wright criou os arranjos orquestrais e do coro de vozes do disco), mas de forma alguma excluir o Mason e o Wright. Apesar de todos os problemas de bastidores, The Wall foi muito bem sucedido, sendo realmente uma grande opera-rock, uma referência, ainda que eu ache que pudesse ter sido um disco melhor. Felizmente o Roger Waters reconheceu recentemente em entrevistas que estava errado em algumas coisas em relação a seus antigos companheiros de grupo, um sinal de consciência de sua parte. Achei muito legal ele dedicar esta tour de The Wall as vitimas do terrorismo de estado, uma grande e justa homenagem a pessoas como chileno Victor Jarra e o brasileiro Jean Charles entre outros tantos.

Finalizando

Faço também minhas as palavras de The Wall porque hoje 31 de março faz exatos 48 anos do golpe de 1964 (na verdade este golpe foi um 1º de abril). Este artigo é uma homenagem a todos as vítimas do terrorísmo de estado.

Por Klaus Farina: músico, historiador e produtor cultural.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Semana do Cinema Gaúcho






Dimensão Experimental no FSMT 2012 na Sala Eduardo Hirtz durante a apresentação do projeto "Música, Cinema e Memória. Foto: Luiz Alberto Cassol (diretor do Iecine)


Dimensão Experimental (Álvaro Saboia, Klaus Farina e Mozart Dutra no FSMT).
Foto: Leonardo Albuquerque

Hoje Porto Alegre completa seus 240 anos. Entre as várias atrações que comemoram a data da cidade, está a promoção do Iecine, Fundacine e do Santander Cultural homenageando a história do cinema gaúcho com uma programação que inclui palestras e exibição de filmes. Os Palestrantes são: Glênio Póvoas, Alice Trusz e Helena Stigger. O grupo Dimensão Experimental apoia a iniciativa destas entidades convidando os amigos e simpatizantes a comparecerem na CCMQ, dia 27, a partir dás 12 horas e 30 minutos na sala Eduardo Hirtz (onde ocorrerá exibição de filmes de curta metragem) e depois ás 14 horas no Santander Cultural com a palestras. Confira a programação nos folders promocionais.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Democracine 2012


O grupo Dimensão Experimental participou em 29/01/2012 do Aquecendo o Democracine como parte da programação do FSMT 2012 na sala P. F. Gastal(também participamos no dia 28 na sala Eduardo Hirtz na CCMQ)apresentando "Dimensão Experimental - Música, Cinema e Memória".
O Democracine é um novo festival de Cinema que pretende abrir novas perspectivas na área do audio visual e no aprofundamento da cidadania. Abaixo algumas informações.

O Festival

O I Democracine – Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre é um evento destinado a difundir produções audiovisuais relacionadas à democracia participativa e ao aprofundamento da cidadania. Promovido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o Observatório Internacional de Democracia Participativa (OIDP) em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o evento pretende divulgar e promover ações de diferentes atores sociais. A primeira edição do Democracine acontece em Porto Alegre, no período de 13 a 16 de junho de 2012.
Em sua primeira edição, o Democracine irá dar visibilidade a filmes relacionados a seis eixos temáticos básicos:

1- Cidadanias insurgentes e ação coletiva na prática cotidiana da democracia
2- Processos eleitorais
3- Revoluções
4- Democracia e trabalho
5- O meio ambiente como campo de luta democrática
6- Memórias de lutas, grandes lutadores e heróis desconhecidos

Inscrições Abertas
As inscrições para o I Democracine - Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre estão abertas entre 16 de janeiro e 30 de março de 2012.