domingo, 29 de abril de 2012
Dimensão Experimental : trabalhos e novos projetos
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Foto: Leonardo Albuquerque
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O grupo Dimensão Experimental está trabalhando dando continuidade ao projeto "Música, Cinema e Memória" aprofundando sua pesquisa em filmes experimentais bem como trabalhando em temáticas específicas para o mais breve possível voltar as apresentações ao vivo. Dentre os projetos novos está uma futura apresentação e performance compacta do filme "Inferno" do cineasta italiano Giuseppe de Liguoro (1911)baseado na obra de Dante e uma nova versão a ser performance de "O Mito do Eterno Retorno". Esta suíte que faz parte do álbum demo homônimo lançado em 2009 está sendo refeita junto com uma nova colagem de imagens para ficar mais de acordo com o livro de Mircea Eliade.
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“O MITO DO ETERNO RETORNO”
“O Mito do Eterno Retorno” é o título do livro do escritor e historiador das religiões o romeno Mircea Eliade que aborda a questão da mitologia como algo forjado nas sociedades segmentarias, totalizantes; quando a sociedade ainda não é passível de separação em economia, política, religião etc, quando ainda não possui uma dicotomia entre tempo sagrado e profano, ou mesmo em espaço sagrado e profano. A mitologia assim transpassa e está presente em todos os momentos desta sociedade.
“Hay que suponer que, em um passado muy lejano, todos los órganos y experiências fisiológicas del hombre, todos sus gestos, teniam uma significación religiosa. Cae esto por su próprio peso, pues todos los comportamientos humanos los instauraron los dioses o los héroes civilizadores in illo tempore: ellos fundaron no solo diversos trabajos y las diversas maneras de alimentarse, de hacer el amor, de expresarse, etc. Sino también gestos, sin importância aparente” Eliade, 1973 pag. 141.
A Mitologia nestas sociedades é a verdade absoluta transmitida pelos “fundadores”, das respectivas culturas, num tempo anterior ao tempo que se vive. Sua veracidade e credibilidade jamais são questionadas, em outras palavras o mito vale por si mesmo.
A mitologia é responsável pelo modelo de reprodução de uma sociedade, contendo nela todo o exemplo de como se deve agir, viver e morrer, e mais, contendo ainda as respostas de como as coisas passaram a existir, ela não deve ser esquecida nunca.
Porem, para que a imitação das ações dos ancestrais míticos não se torne incorreta à medida que a sociedade se deparava com mudanças de conjunturas, propiciada muitas vezes em decorrência do contato com outros grupos tribais ou mesmo com o europeu entre outras situações, tornava-se importante a re-atualização dos gestos divinos, exatamente como estes se deram, o que ocorre durante o ritual. Durante as cerimônias, os participantes têm consciência de reproduzir, nos mínimos detalhes, os atos exemplares dos ancestrais míticos.
Estes rituais repetidos em intervalos estipulados e conhecidos corroboram com uma noção de tempo cíclico reatualizável.
Dentro das narrações míticas se esconde o aspecto do inconsciente coletivo, que encerra uma verdade. Isso se dava, na medida em que tocava profundamente o homem, um ser mortal, organizado em sociedade, obrigando a trabalhar para viver, submetido a acontecimentos, nem sempre imprevistos, que independiam de sua vontade.
Eliade trabalhou com o aspecto pragmático do mito, em que o comportamento dos seres sobrenaturais, relaciona-se diretamente com os arquétipos (estruturas mentais), ou figurações que formam o inconsciente coletivo. Em outras palavras estes arquétipos era o senso comum, uma conduta lógica a ser vivida e revivida.
Na medida em que estas figurações eram retratos relativamente fiéis dos acontecimentos psíquicos, os arquétipos, ou melhor, as características gerais que se destacavam no conjunto das repetições de experiências semelhantes, também correspondiam a certas características do pensamento mítico.
“O sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser no mundo. As concepções do ser e da realidade podem ser detectadas no comportamento do homem das sociedades pré-modernas, compreendendo estas tanto o mundo a que geralmente chamamos «primitivo» como as antigas culturas da Ásia, da Europa, da Africa e da América. As concepções fundamentais das sociedades tradicionais e em particular a recusa que elas fazem do tempo histórico, assim como a nostalgia que sentem do tempo mítico (ciclico) das origens, não deixa de constituir uma introdução a uma filosofia da história. Assim como a “Natureza” é o produto de uma secularização progressiva do Cosmos, também o homem profano é o resultado de uma dessacralização da existência humana, não podendo abolir definitivamente seu passado, porque ele próprio é produto desse passado”.
Trechos de “O Mito do Eterno Retorno” e “O Sagrado e o Profano” de Mircea Eliade.
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Pesquisa e texto: Klaus Farina
O grupo Dimensão Experimental é formado por:
Klaus Farina – Teclados, Guitarras, Flauta, Ocarinas, Percussão e Programação Eletrônica
Álvaro Sabóia – Teclados, Apitos e Gaitas de Boca
Mozart Dutra – Percussão Acústica e Apitos
Produção: Dimensão Experimental
Edição de Imagens: Mauro Amaral e Klaus Farina
Direção Geral: Klaus Farina
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Roteiro:
1 O MITO DO ETERNO RETORNO (Farina/Sabóia/Dutra)
A - Yvy Ju (Farina/Sabóia/Dutra)
B - Groaperikie (Farina/Sabóia)
C - Arquétipos e Repetições (Farina/Sabóia)
D - Lenda de Naylamp (Farina/Sabóia)
E - A Regeneração do Tempo (Farina/Sabóia)
F - Abya Yala (Farina/Sabóia/Dutra)
G - Ciclos Cósmicos e História (Farina)
H - A Sobrevivência do Mito do Eterno Retorno (Farina)
I - O Caminho da Terra Sem Males (Farina/Sabóia/Dutra)
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