terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dimensão Experimental - Música, Cinema e Memória III


Tusalava (1929) de Len Lye


Filmestudie (1926) de Hans Richter


Les Mystères du Chateau du Dé (1929) de Man Ray

Projeto do Grupo Dimensão Experimental com patrocínio do Sindbancários leva para tela, com performance musical autoral ao vivo, vídeos experimentais de artistas dadaístas e surrealistas.
Data: 17 de Outubro de 2011 (Segunda-Feira)
Local: Cinebancários Rua General Câmara, 424.
Horário: 19 horas.
Entrada Franca

Com patrocínio do Sindbancários, CineBancários e Snoopy Bar e apoio da SEDAC, IECINE, IEM, MUSECOM, E O Vídeo Levou e Jornal Vaia, o grupo Dimensão Experimental apresenta, no dia 17 de outubro, às 19h, o projeto “Música, Cinema e Memória”. Serão projetados e performados, com musical contemporâneo próprio e ao vivo, vídeos experimentais de artistas dadaístas e surrealistas como Man Ray, Walter Ruttmann, Lotte Lendesdorff, Hans Richter e Len Lye.

Durante a ação educativa haverá um debate com as diretoras de arte Gilka Vargas e Iara Noemi, ambas atuantes do mercado audiovisual de Porto Alegre desde 1996. O encontro tem como tema a importância histórica do cinema de vanguarda, pautando a influência estética dos vídeos experimentais no cinema atual.

O projeto Música, Cinema e Memória, de autoria do grupo DIMENSÃO EXPERIMENTAL, formado por Klaus Farina (teclados/guitarras/flauta/programação eletrônica), Álvaro Sabóia (teclados harmônica e cromática) e José Altamirio (percussão, escaleta e lira metálica), foi lançado em setembro de 2010 na Sala de Cinema Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana. Neste ano, “Música, Cinema e Memória” acontece uma vez a cada três meses, sempre às segundas feiras no CineBancários. A primeira edição aconteceu em 14 de abril passado quando foram performados musicalmente ao vivo filmes de Man Ray, Marcel Duchamp, Ralph Steiner, Alvin Knechte e Fernand Léger. A segunda edição aconteceu em 17 de julho quando o grupo Dimensão Experimental musicou ao vivo os filmes de Walter Ruttmann, Hans Richter, Viking Eggeling e Man Ray. Nesta esta terceira edição o grupo Dimensão Experimental vai reprisar a pedido do publico aperformance do filme Les Mystères du Chateuu du Dé de Man Ray.

OBJETIVO

A intenção do Grupo Dimensão Experimental é oferecer ao espectador através de composições contemporâneas próprias a possibilidade do contato com um dos movimentos mais criativos que se produziu na história do cinema em seus primórdios, através de filmes até pouco tempo inéditos ou desconhecidos para o publico, em sua maioria, resgatando um pouco da magia do cinema mudo, musicando alguns dos clássicos do cinema avant-garde dos anos 20.
O projeto tem por característica a ação cultural, através da projeção dos filmes e performance musical ao vivo, e de uma ação educativa com a realização de palestra e debate sobre a importância histórica do cinema avant-garde, com participação do público e de pessoas especializadas em cinema, história do cinema (historiadores, jornalistas, antropólogos, cineastas...) contextualizando-o, tendo como uma das pautas a influência da vanguarda no cinema, contrastando o passado com o presente, em especial as diferenças de paradigma da época em que eclodiu, quando as utopias e a revolução estavam na ordem do dia em contraposição com o momento atual em que estas mesmas utopias parecem esvaziadas com o objetivo de avaliar as perspectivas de um cinema experimental na atualidade por ocasião das novas tecnologias (cinema tridimensional, digital etc.).

SINOPSE DOS FILMES DA III EDIÇÃO (17/09/2011)

“Tusalava” (1929) – 10 min. – Len Lye

Tusalava, foi o primeiro filme realizado na Inglaterra pelo neo-zelandês Len Lye, que construiu com uma técnica chamada «animação tradicional» ou «cel animation», que consiste na animação de desenhos (no caso, cerca de 4400) feitos em celulóide, onde em que cada quadro é desenhado à mão e depois fotografado. Tusalava é uma animação abstrata onde duas formas orgânicas evoluem a partir de uma relação simbiótica e parasitária. Pontos e círculos entram em contato entre si, reagem e interpenetram-se, absorvem ou separam-se das formas opositoras, criando padrões cada vez mais complexos.
O filme captura a mutabilidade da existência, a ambigüidade entre a penetração criadora e a agressão destruidora (canibalizante), a absorção e a síntese.
Podemos encontrar algumas semelhanças entre Tusalava e alguns dos filmes abstratos realizados na década de 20, por nomes como Oskar Fischinger e Hans Richter. No entanto, Tusalava distancia-se daqueles pelo fato de Len Lye ter sido muito influenciado pela arte dos aborígines australianos e do Pacífico Sul. Assim, ao combinar a arte tribal com a arte moderna, Tusalava apresenta formas mais orgânicas que os filmes de Fischinger e Richter, que eram dominados por formas mais geométricas e angulares. As formas e os padrões de Tusalava movimentam-se como se fossem entidades vivas em constante mutação, o que levou a crítica a ver no filme uma narrativa acerca das formas primitivas de vida. A despeito destas interpretações, Tusalava pode ser visto como um ensaio sobre a natureza do movimento. Len Lye procurou criar um conjunto de imagens em permanente interação que encerrassem um sentido mágico da vida e que envolvessem fisicamente os espectadores.
A London Film Society e o escritor Robert Graves financiaram a produção de Tusalava, mas as verbas disponíveis não permitiram a realização de uma versão sonorizada, pelo que, na sua estreia, em 1929, Tusalava foi acompanhado por música para piano composta pelo australiano Jack Ellitt. A música, constituída exclusivamente por padrões rítmicos e uma total ausência de melodia, era muito semelhante à que Ellitt escreveu, no ano seguinte, para a curta-metragem Light Rhythms, de Francis Bruguière. Infelizmente, a partitura original de Ellitt perdeu-se e Tusalava hoje é exibido como um filme mudo.
Em virtude de esta trilha sonora original estar perdida o grupo Dimensão Experimental compôs um tema específico homônimo Tusalava.
Música: Tusalava (Farina / Sabóia /Dimensão Experimental) Arranjos: Dimensão Experimental

“Spiel der Wellen” (1926) – 3 min. – Lotte Lendesdorff e Walter Ruttmann

Spiel der Wellen de 1926 é uma animação do cineasta alemão Walter Ruttmann em parceria com Lotte Lendesdorff, uma brincadeira sobre as ondas do som e sua propagação revelando as reações dos ouvintes seja de satisfação ou estranheza no momento em que o rádio começa a se consolidar como uma parte integrante do imaginário e dá vida cotidiana.
Música: Brincando sob as ondas (Farina / Sabóia)
Arranjos: Dimensão Experimental

“Filmestudie” (1926) – 4 min. – Hans Richter

Hans Richter produziu em 1926 com Filmstudie uma primeira tentativa de combinar a estética dadaísta e abstração. Richter apresenta ao espectador uma colagem de imagens visando desorientar o expectador, globos oculares falsos, rostos distorcidos e formas abstratas (nenhum desses temas é tratado constantemente).
É semelhante ao trabalho de Man Ray no seu ballet de movimento que combina uma tensão entre as lúdicas formas figurativas e abstratas, tanto na exposição negativa e positiva.
Filmstudie é essencialmente um trabalho de transição de estilos variados. Uma série de dispositivos a chamar a atenção para a especificidade técnica da fotografia (exposições múltiplas e imagens negativas) também foram incluídos uma fusão bem sucedida de imagens.
Música: Arquétipos do Desejo (Farina) Arranjos: Dimensão Experimental

“Swing the Lambeth Walk (1939) – 4 min. – Len Lye

Swing the Lambeth Walk (1939), foi um filme de Len Lye de quatro minutos pintado à mão com acompanhamentos de cores, que simulam jogos, motivos visuais para instrumentos musicais. Linhas diagonais aparecem para introduzir frases de piano, expressar círculos, batidas rítmicas de percussão, utilizando-se de listras, ondulações horizontais que podem representar sons de guitarras, linhas verticais pintadas em vermelho, azul profundo, campos de cor verde são apresentados como formas ascendentes em cascata, alem de listras luminosas cônicas como testes visuais que fazem de Swing the Lambeth Walk uma obra de arte em movimento. Para este filme, o grupo Dimensão Experimental adaptou “Fusão Latina”, uma música do álbum “O Mito do Eterno Retorno” por se tratar de um tema onde tudo o que foi dito acima sobre os jogos e motivos visuais do filme se encaixa perfeitamente, um digno casamento entre som e imagem.
Música: Fusão Latina (Farina) Arranjos: Dimensão Experimental

“Les Mystères du Château de Dé” (1929) – 19 min. – Man Ray

Les Mystères de Château de Dé é um filme surrealista, um jogo pitoresco improvisado de Man Ray num período em que esteve como convidado no Castelo do Conde de Noailles. O filme retrata dois viajantes partindo de Paris para a Villa Nailles, em Hyères. A jornada começa quando os dois personagens mascarados em um café à noite decidem suas ações jogando dados. As mãos são de manequim e os rostos sem detalhes. Em seguida a dupla parte em busca de seu destino, viajando pelo interior da França, chegando a um Castelo moderno porem com partes antigas. Elementos do exterior e interior do castelo são apresentados em relações de várias texturas mostrando inclusive esculturas de Pablo Picasso e Joan Miró, assim como um jardim cubista em Vila Noailles. Finalmente, somos apresentados a quatro invasores que jogando dados renunciam a sua sorte partindo para uma piscina coberta fazendo malabarismos até sumirem na tela. O Movimento da câmera externa mostra os dois viajantes chegando ao local novamente jogando dados se preparando para passar a noite levando o filme a um final abrupto. Les Myteres du Château de Dé foi o filme mais longo que Man Ray dirigiu em sua carreira.

Música: Os Mistérios do Castelo de Dados - suíte em seis movimentos (concepção original de autoria de Klaus Farina com colaboração adicional de Álvaro Sabóia no sexto movimento)
I – Os Viajantes: Um jogar de dadas jamais anulará a sorte. (Farina)
II – Viajando a um estranho destino um castelo. (Farina)
III – Personne, Personne: Lês Secrets de la Peinture. (Farina)
IV – Piscinéma: Um jogar de dados jamais anulará a sorte. (Farina)
V – Minerve Casque. (Farina)
VI – Dois passageiros que permanecerão. (Farina / Sabóia)
Arranjos: Dimensão Experimental

Patrocínio: Sindbancários, Cinebancários e Snoopy Bar
Apoio: SEDAC, IECINE, IEM, MUSECOM, Jornal Vaia e E O Vídeo Levou
Fonte: Grupo Dimensão Experimental com edição de Imprensa/SindBancários
www.dimensaoexperimental.blogspot.com

Nenhum comentário: