quarta-feira, 10 de junho de 2015

É amanhã, 11/06/2015, Cinema Livre no Clube de Cultura com Buster Keaton, o cômico que nunca ri



Amanhã no Clube de Cultura, rua Ramiro Barcelos 1853, com entrada franca, vai acontecer mais uma sessão do projeto Cinema Livre com um festival de filmes de Buster Keaton. Este projeto e o Cinema no Arquivo do APERS são boas opções para os amantes da sétima arte e para aqueles que tem curiosidade de assistir filmes fora do circuíto comercial dos shopping centers (antigamente se fala em centros comerciais mas agora...depois do neo-liberalismo...bem, é melhor parar por aqui).
O grupo Dimensão Experimental vem apoiando estas iniciativas por entender que há sim espaço para se poder assistir um bom filme sem os clichês hollywoodianos que vem infestando as salas de cinema no mundo.
Abaixo transcrevemos um texto escrito por Fernando Camargo falando um pouco da vida e obra deste extraordinário artista.


Nascido no coração do teatro de vaudeville*, Keaton começou sua carreira artística participando com seus pais, num número chamado Os Três Keatons, em que a grande piada era o desafio dos pais em disciplinar uma criança mal-educada: algo que nos remete à antiga questão de saber se é a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte.
No caso de Buster, percebemos que a vida imitou a arte e sua jornada fluiu naturalmente, entre tombos, quedas, sustos e várias características comportamentais tão naturais a qualquer criança. Tornou-se um dos maiores artistas e humoristas do cinema mudo e de sua época.
Aos 21 anos de idade, com o encerramento da carreira de seu pai (que se tornara alcoólatra), Buster rendeu-se à atração que tinha pelo cinema e mudou-se para Nova Iorque. Lá, encontrou um antigo companheiro, o ator Roscoe "Fatty" Arbuckle, que o convidou para trabalhar no filme "The Butcher Boy" (O Menino Açougueiro).
O sucesso desta dupla cômica foi tão grande que logo foram convidados para estrelar uma sucessão de onze comédias. Keaton passou a escrever seus próprios esquetes e a trabalhar como assistente de direção nos filmes de que participava. Logo passou a escrever seus próprios filmes.


Em 1920 Buster começou a dirigir seus primeiros curtas. Tornou-se um ator de muitos recursos e de impressionante presença cênica.
Mas a característica que ficou para sempre associada a Keaton, uma de suas grandes inovações, é o fato de sua comédia se basear num personagem impassível, que mantém as mesmas feições diante dos fatos ocorridos. Isso explica os apelidos dados a ele pelos críticos: "O grande cara de pedra" e "O homem que nunca ri". Buster percebeu que, ao não modificar sua expressão, o espectador projetaria nele suas aspirações sentimentais, sensoriais e morais.
Foi em 1928 que Keaton cometeu o que ele mesmo considerou ser o seu "grande erro": vendeu seu estúdio de produção para a MGM. Buster - que era o "destruidor" - tornara-se um mero ator assalariado, sem nenhuma independência artística. Obrigado a adaptar-se ao esquema de produção, Keaton envolveu-se com o álcool, tal como o pai fizera antes.


Há quem diga que foi por perder o controle sobre o conteúdo criativo de seus filmes e por ter que aceitar roteiros impostos pelo estúdio que a poesia existente no coração de Keaton se apagou.
Buster passou a década de 1930 em relativa obscuridade, escrevendo gags (corridas, quedas, fugas) para vários filmes, inclusive alguns dos Irmãos Marx, como "Uma Noite na Ópera" e "No Circo". Também fez aparições em filmes como "Crepúsculo dos Deuses", de 1950, e "Mundo Maluco", de 1963.
Um dos momentos mais significativos da sua carreira de ator aconteceu em 1952, quando participou do filme de Charles Chaplin "Luzes da Ribalta". Nele, Keaton e Chaplin fazem um número de dez minutos em dueto - dois velhos atores de "vaudeville" tentando resgatar os bons tempos.



Em 1965, poucos meses antes de sua morte, Buster Keaton protagonizou o único filme realizado pelo teatrólogo Samuel Beckett, chamado simplesmente "Filme".
Além de trenzinhos de brinquedo, o que mais atraía Buster Keaton era representar. Foi o que fez até 1966, quando morreu vítima de um câncer no pulmão.

POR FERNANDO CAMARGO

Fonte:
http://obviousmag.org/archives/2011/05/buster_keaton_-_vida_e_obra.html

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