terça-feira, 2 de maio de 2017

Cine Clube de Cultura - Ciclo Werner Herzog


O Cine Clube de Cultura tem por objetivo apresentar filmes de vários períodos e de diversas nacionalidades, pouco conhecidos do grande público e que estão fora do circuito comercial.

No mês de maio, exibiremos os 4 primeiros longas-metragens de ficção do premiado diretor alemão Werner Herzog, que possui uma extensa filmografia.

04/05/2017 - Sinais de Vida (1968 - Drama - 1h 35m)
11/05/2017 - Os Anões Também Começaram Pequenos (1970 - Comédia dramática/Drama - 1h 36m)
18/05/2017 - Aguirre, a Cólera dos Deuses (1972 - Drama/Ficção histórica - 1h 34m)
25/05/2017 - O Enigma de Kaspar Hauser (1974 - Drama/Ficção histórica - 1h 50m)

A entrada é franca e não necessita de agendamento prévio.

O filme que abre o ciclo é Sinais de Vida o seu primeiro longa de ficção.

Sinais de Vida
1968 ‧ Drama ‧ 1h 35m
Data de lançamento: junho de 1968 (mundial)
Direção: Werner Herzog
Música composta por: Stavros Xarchakos
Cinematografia: Thomas Mauch
Elenco: Peter Brogle, Wolfgang Reichmann, mais
Prêmios: Prêmio de Cinema Alemão de Melhor Filme

SINOPSE


Um paraquedista Alemão ferido de nome Strozek, é enviado a Kos, uma tranquila cidade de Creta, junto a sua mulher Nora, uma enfermeira grega e outros dois soldados com ferimentos menores. Ficam reclusos em uma velha fortaleza com muito pouco a fazer. Beker se dedica a traduzir e transcrever inscrições, Meinhart se diverte colocando tampinhas em baratas e Nora ajuda Stroszek a fazer fogos de artifícios usando pólvora de granadas. Lentamente e devido ao calor e ao tédio, Stroszek começa a enlouquecer e arrasta seus companheiros de guerra a uma velha missão.


O primeiro longa-metragem de Werner Herzog, plenamente inserido no espírito que dominava o cinema alemão dos anos 60 (o novo cinema, estabelecido desde 1962, através do Manifesto de Oberhausen), é trabalho de Modernidade latente, fruto de um honesto zeitgeist que hoje podemos avaliar como marco definidor não só de um movimento nacional, mas de uma trajetória particular com o cinema, um novo olhar. Em Sinais de Vida, Herzog não economizou na entrelinha, carregando suas imagens de ambigüidade e sarcasmo, além de sinalizar que sua chegada na arte não trilharia caminhos que se distanciassem da resistência, fazendo de cada filme determinado retrato de inconformismo. Rejeição aos tempos moldados pelo homem, mas também sua subserviência, seu apego pela incontornável matéria.

Ao contrário do que uma primeira impressão sobre Sinais de Vida possa causar, Herzog não pretendeu com seu filme entregar um mero dispositivo da loucura humana, do abalo típico e muito conhecido que as situações de guerra afligem a seus sobreviventes. É primeiramente no ato de sobreviver, não importam os meios, em que ele se concentra. Se há uma instabilidade no universo — deste filme, de todos os seus filmes — aqui delineado, ela está muito mais relacionada ao espaço do que aos seres que o ocupam. O absurdo e a violência que encerram os últimos atos de Stroszek — e isto vale para o protagonista de Sinais de Vida, assim como para o homônimo da obra-prima que o diretor assinou em 1977, como para o refugiado de O Sobrevivente (2006) — refletem uma deterioração que antes o afetou pelas condições de vida encontradas. Se a guerra não é concretizada, nós a criamos. Se as ameaças são deixadas de lado, nós as retomamos. Esta é a premissa de Herzog diante de um cinema que não pode mais aceitar a passividade das formas, que não pode responder ao calado mundo do séc. XX com um mesmo silêncio. De certa maneira, Sinais de Vida não deixa de ser um filme sobre a loucura da guerra; mas o louco é Herzog, e a guerra, todo o cinema que ele fará a partir daí.

Local: Clube de Cultura de Porto Alegre - Ramiro Barcelos, 1853
Horário: 19h30

O grupo Dimensão Experimental apoia mais essa iniciativa do Clube de Cultura de Porto Alegre.

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