segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra - A Negação do Brasil - Nesta Quinta dia 16/11/2017


No mês da consciência negra o Cine Clube de Cultura apresenta uma programação especial propondo uma reflexão sobre o racismo no mundo e na sociedade brasileira.

Cine Clube de Cultura - Ciclo Consciência Negra

Confira a programação abaixo.
A entrada é franca.
Participe.
Local: Clube de Cultura, rua Ramiro Barcelos, 1853.
Horário: 19h30min.

09 de novembro – Racismo: uma história (doc BBC, parte 1, 2007, 58min), de Paul Tickell, e Brasil: uma história inconveniente (2000, 46min), de Phil Grabsky

Racismo: Uma História - é um documentário produzido pela BBC Four (2007) em comemoração ao bicentenário do Ato contra o Comércio de Escravos de 1807, inserido na chamada "Abolition Season", promovida pelo canal inglês.
Brazil: An Inconvenient History (Brasil: Uma história inconveniente) é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001.

16 de novembro – A negação do Brasil (2000, 92min), de Joel Zito Araújo

Vencedor do Festival "É Tudo Verdade de 2001", o documentário traz à tona a história das lutas dos atores negros pelo reconhecimento de sua importância na história da telenovela brasileira. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e, particularmente, uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.

23 de novembro – Libertem Angela Davis (2012, 102min), de Shola Lynch

Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nesta época, ela se tornou a mulher mais procurada dos Estados Unidos. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.

30 de novembro – Eu não sou seu negro (2016, 93min), de Raoul Peck

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário constrói uma reflexão sobre como é ser negro nos Estados Unidos.
Em 1979, James Baldwin iniciou seu último livro, “Remember This House”, relatando as vidas e assassinatos dos lideres ativistas que marcaram a história social e politica americana: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.
Baldwin não foi capaz de completar o livro antes de sua morte, e o manuscrito inacabado foi confiado ao diretor Raoul Peck, que combina esse material com um rico arquivo de imagens dos movimentos Direitos Civis e Black Power, conectando essas lutas históricas por justiça e igualdade com os movimentos atuais que ainda clamam os mesmos direitos.

Realização: Clube de Cultura
Apoio: E o Vídeo Levou e Grupo Dimensão Experimental


A NEGAÇÃO DO BRASIL - Sinopse

O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.



A Negação do Brasil por Leonardo Campos em 16 de maio de 2017

Basta olhar nas redes sociais para estabelecer a análise: o Brasil é um país muito racista. Diferente dos Estados Unidos e do seu debate mais caloroso, aqui a questão é maquiada por uma agenda de disfarces mais tenebrosa que o movimento Blackface, um dos alvos da crítica deste documentário conduzido de forma didática, mas não menos interessante, um material que exala as celeumas do preconceito racial por todos os poros de seu tecido narrativo.


Oriundo de uma investigação contundente e detalhes da sua memória, o cineasta Joel Zito Araújo traz para a linguagem cinematográfica o material do seu livro homônimo, A Negação do Brasil, editado pela Cosac & Naify, uma referência na seara dos estudos sobre os movimentos intelectuais dos negros em nosso país. Fruto de sua tese de doutorado, o estudo é um profundo e triste retrato do racismo que dominou as telenovelas brasileiras ao longo da história deste suporte narrativo-midiático.


O que antes víamos com ludicidade e afeto, pelo olhar crítico e investigativo de Joel Zito Araújo, torna-se uma denúncia bem realizada. A felicidade no final de A Escrava Isaura, adaptação do romance de Bernardo de Guimarães, com a libertação dos negros por um heroico homem branco; as vilãs negras que conduziam os espectadores ao ódio; as cartas que Zezé Motta recebeu ao trabalhar como par romântico de um galã global; estas são apenas algumas das histórias entre tantas outras cenas humilhantes e deprimentes, ao qual muito dos nossos atores brasileiros negros foram submetidos para conseguir manter-se dentro do esquema de produção.



E para os que acham que o assunto é balela ou parte de uma sociedade “mimizenta”, basta olhar atentamente para a programação televisiva contemporânea, em especial, a aberta, mais especial ainda, a poderosa Rede Globo. Ano passado, acordei sem vontade de causar polêmica, conduzido pela paz e vontade de não ter que levantar bandeira pelo menos por aqueles instantes. Mas a televisão, onipresente tanto na minha quanto em várias residências ao redor deste país, apresentava um personagem parte de um jogo de culinária no programa de Ana Maria Braga, vestido dentro do esquema Blackface, leia-se, com a pele pintada de preto.


Não estou alegando, com esta informação, que o rapaz tenha sido racista, mas no mínimo pouco informado e desorientado por uma equipe que deveria ser mais cuidadosa, pois não é o ato em si, mas o que ele representa. Sabemos que tal atitude nos remete a uma violência simbólica histórica que não deve ser ignorada. O que dizer de Sexo e as Negas, de Miguel Falabella? Interessante por trazer o debate? Sim, mas cheio de estereótipos que não foram bem trabalhados. Acredito, caro Joel Zito Araújo, que em tempos de Big Brother Brasil, seja a hora de A Negação do Brasil 2, o que acha?


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