quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Exposição Oppressed de Itapa Rodrigues no Bestiário


O atelier O Bestiário tem nova exposição.

OPPRESSED

As cores vibrantes, o brilho do esmalte e os títulos dos trabalhos desta exposição (the superwoman, oppressed, foda-se a mídia, cabeça com guampa, brazilian club, autorretrato com monstros marinhos e caravela, derramado, stories from mars, cortes, sereia, esmalte brilhante, o homem-calendário, saída/exit, bóris pequeno, my last trip to são paulo, free art, as três cadeiras de loster, entre outros) nos permitem inferir algumas pistas a respeito dos interesses que afetam o imaginário de Itapa Rodrigues e transformam-se em temáticas de seu trabalho artístico - sua memória pessoal e familiar, seres imaginários, problemas sociais e políticos atuais e o próprio processo de pintura.


Renato Heuser foi seu professor de pintura no Instituto de Artes da UFRGS, com o mestre compartilhou o gosto pela música, vídeo e muitas conversas nas horas do chá. A influência desse convívio pode ser percebida na sua pintura por meio da busca de uma linguagem pictórica própria, na qual as múltiplas camadas de cores são visíveis pela presença do gesto, solto e marcado. Diferente do mestre, para quem a pintura não contém um desenho e se constitui na linguagem pictórica pura, para Itapa o desenho tem um papel importante no seu modo de trabalhar. Geralmente usa como referência seus sketches feitos sem pretensão, e em alguns casos faz um desenho específico para ser pintado depois. Para ele, ‘isso deixa minha construção de imagens mais pronta para dialogar com a minha realidade e com a minha relação com o mundo de maneira mais rápida e direta, usando elementos mais do dia a dia’. Seu processo de pintura envolve ainda o trabalho com a escolha e/ou o encontro de materiais para construção dos diferentes suportes, que também são preparados por ele: chapas de compensado, madeiras, objetos, telas, portas de carros, entre outros. Em alguns casos o suporte é todo preparado em conjunto, noutros, só depois de pronta a pintura é que começa a procura pela moldura.


Personagens de suas histórias em fanzines, ganham na pintura uma feição que, segundo o artista tem alguma influência da "lowbrow art", movimento que emergiu na cena underground do leste dos Estados Unidos no final dos anos 1970. Itapa faz referência aos artistas dessa época, não pelo emprego da figuração pop surreal, ou o uso de bonecos, pintados com cores pálidas e noturnas, que eles cultivavam, mas antes pela atitude, e, quem sabe, por uma vivência num contexto cultural semelhante - vinculado à cena que promove as feiras gráficas, a arte urbana, o grafite, o circuito de música alternativa da qual o artista também faz parte.


A exposição OPPRESSED, de Itapa Rodrigues, constitui-se de obras de 2017 incluindo algumas de 2016. Destaco, dentre elas as suas figuras femininas - personagens enigmáticas, voluptuosas, livres e estranhas. Com tons de vermelho, branco e preto que ganham pintadas sobre tela parecem adentrar a noite em luxúria.



Esta exposição é assim uma oportunidade única de acompanhar esse conjunto que se deseja tornar disperso, ocupando outros espaços nas casas de seus novos apreciadores.

Elaine Tedesco


O Bestiário fica na rua Cristóvão Colombo, 51.

O Grupo Dimensão Experimental apoia essa iniciativa de o Bestiário.

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