terça-feira, 21 de julho de 2015

Cinema no Arquivo: Curta no Almoço dia 22/07/2015





Na próxima quarta-feira, dia 22 de julho, a partir das 12h, o APERS (rua Riachuelo, 1031) apresenta mais uma edição do projeto Cinema no Arquivo - Curta no Almoço com projeção dos filmes A Concha e o Clérigo (Le Coquille et Clergyman), de Germaine Dulac, e Madame Tuti-Putli, de Chris Lavis e Maciek Szczerbowski no Auditório Marcos Justo Tramontini do Arquivo Público do RS. A entrada, pra o curta no almoço é franca, venha prestigiar!

Dimensão Experimental "1914" em versão DVD no Cinema no Arquivo - Curta no Almoço em agosto

O grupo Dimensão Experimental, que tem em seu projeto autoral "Música, Cinema e Memória", a proposta de uma releitura da linguagem do cinema silencioso, resgatando, portanto, em parte a magia do cinema mudo, apoia essa iniciativa do APERS, que oportuniza ao público filmes com temáticas e qualidade artísticas, que se distanciam do lugar comum dos filmes comerciais e das salas de cinemas neo-liberais dos Shopping-centers.




O grupo Dimensão Experimental apresentará em 12 de agosto no projeto Cinema no Arquivo - Curta no Almoço, uma versão em dvd do audiovisual "1914". O documentário musicado ao vivo (que teve o áudio gravado em dezembro passado em uma apresentação de fim de ano no Clube de Cultura) foi criado a partir de imagens coletadas no youtube sobre a primeira guerra mundial. Além de "1914", será apresentado no mesmo dia o curta "Brasil, um retorno a razão" de Klaus Farina (membro do grupo Dimensão Experimental). Em breve daremos maiores detalhes.


Sinopses dos filmes que serão apresentados amanhã no Cinema no Arquivo - Curta no Almoço:

Le Coquille et Clergyman (1928, França) é um filme surrealista de Germaine Dulac, inspirado num texto homônimo de Antonin Artaud. A trama gira em torno de um padre obcecado pela esposa de um general. O clérigo passa a ter visões estranhas sobre a morte e acaba lutando contra o próprio erotismo.





A madame Tutli-Putli (2007, França) embarca num trem noturno carregando todos os seus pertences, incluindo os fantasmas de seu passado. Ela viaja sozinha e encara, ao mesmo tempo, a bondade de alguns e o perigo iminente representado em outros. Quando o dia vai clareando, madame Tutli-Putli descobre-se numa aventura desesperada e metafísica. Vagando entre o real e o imaginário, ela confronta seus demônios numa corrente de mistério e suspense.




Chris Lavis e Maciek Szczerbowski



Desde 1997, Chris Lavis e Maciek Szczerbowski formaram a parceria artística chamada de Clyde Henry Productions. Sob esta norma de plume o par criou filmes premiados, anúncios e ilustrações. Eles receberam uma indicação ao Oscar pelo curta-metragem Madame Tutli-Putli (NFB 2007). Em 2010, escreveram e codirigiram Higglety Pigglety Pop! (Warner Bros, NFB), uma adaptação de Maurice Sendak que caracteriza a voz de Meryl Streep. Seu mais recente filme, Cochemare (PHI Films, 2013), recebeu o prêmio de melhor curta-metragem experimental no Festival de Cinema Guanajuato.


Fonte: www.acmefilmworks.com/directors/chris-lavis-maciek-szcerzbowski/


Germaine Dulac (Amiens, 1882 – Paris, 1942)



Militante feminista desde sua juventude e jornalista de grande rigor e crítica, ela é a segunda grande diretora do cinema mundial e uma das figuras-chave da vanguarda francesa dos anos 1920. Influenciada pela primeira grande realizadora Alice Guy-Blanché, Germanie Dulac teve na criação cinematográfica experimental uma de suas principais características, demonstrando toda sua percepção cênica e domínio da linguagem fílmica, realizando o curta-metragem O Padre e a Concha (La Coquille et le clergyman), em 1926 (lançado somente em 1928), antecipando em dois anos, parte do poder artístico que o surrealismo de Luís Buñuel imprimiria ao filme-marco do cinema surrealista, Um cão andaluz.

Alguns elementos são comuns às duas obras: erotismo e sexualidade, crítica à igreja, crítica ao poder (especialmente aos militares) e à burguesia, referências psicanalíticas, atemporalidade e rompimento com qualquer condição de narratividade clássica (literatura e teatro), podendo ser entendido como uma experiência tanto dadaísta como de um surrealismo experimental, cuja história se centra em três personagens: um padre, um general e sua noiva.

Após os horrores da primeira guerra mundial, a sociedade estava em completa transformação, a vanguarda artística dos anos 1920, incorporou toda uma profusão de acontecimentos e criações, que se fundiram na época, resultando em mudanças estruturais na concepção histórica com o surgimento da “Escola dos Annales”, indo além dos postulados de uma sociologia positivista -, na forma como as populações recebiam as notícias com a popularização do rádio, na forma como a arte e a música eram percebidas (as vanguardas, as dissonâncias e os dodecafonismos de Stravinski e Schönberg e o jazz) e na forma como as pessoas percebiam o tempo, o espaço e a si mesmas (a Teoria da Relatividade e as descobertas da psicanálise).

O filme de Dulac se equipara aos grandes artistas-cineastas-experimentadores do Cinema Avant-Garde, como Sergei Eisenstein, Man Ray, Abel Gance, Marcel Duchamp, René Clair, Fernand Legér, Hans Richter e Luís Buñuel, fazendo uso de uma arte que era resultado de um período histórico completamente diferente daquele em que viviam. O cinema deveria transcender a linear percepção do tempo e o confortável espaço absoluto para uma dimensão onde o símbolo e o enigma dialogavam na mesma velocidade que os acontecimentos sociais da época, sendo um instrumento artístico e revolucionário.

Por Klaus Farina – músico, compositor, historiador e produtor cultural
Revisão de texto: Angelita Silva – Técnica em Assuntos Culturais

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