quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dimensão Experimental "Música, Cinema e Memória" - Alvin Knechten

Alvin Kenechten.

O grupo Dimensão Experimental que em 25/09/2010 ás 18 horas fará a estréia do projeto "Música Cinema e Memória" na sala de Cinema Paulo Amorim (CCMQ)apresenta a partir de hoje pequenas resenhas sobre os filmes e os diretores escolhidos para esta primeira edição. Começamos por Alvin Knechten.

“Cockeyed” (1925) – 3 min. – Alvin Knechte

Em Cockeyd: Gems fron the memory of a nutty cameraman (1925), Alvin Kenechte, realizou neste filme de apenas três minutos experimentos de sobreposição de imagens através da subdivisão da tela de forma inteligente e divertida criando efeitos surreais como um homem comendo uma lâmpada incandescente, pessoas, edifícios, carros, aviões, trens desaparecendo e reaparecendo, entre as cenas intrigantes que apresentadas pelo autor, evidenciam através do insólito confundir, e questionar a sanidade do expectador. Para dar uma visão mais completa sobre este trabalho recorremos a critica do historiador, critico de cinema e coordenador Luiz Santiago dop blog Cinebulição www.cinebuli.blogspot.com.

"Cockeyed: Gems from the memory of a nutty cameraman (1925), foi o primeiro curta-metragem de Alvin Knechten, que inicia a carreira em meio às manifestações revolucionárias no mundo das artes, na década de 1920.
Sem preocupação com a narrativa ou com a linearidade, Knechten organizou fotogramas aleatórios de situações surrealistas ou que fogem totalmente ao habitual.
As alterações imagéticas do que é captado pela câmera foram feitas na edição, usando-se perfeitas fusões de imagem. O efeito produzido é dos mais impressionantes.
Na sequência de abertura vemos o mar, e por trás dele, aos poucos, emerge a cidade de Nova York. Quando o fotograma se “encaixa”, percebemos que aquele “pedaço” que não estava ali completava a imagem da cidade, como um quebra-cabeça. A intenção do diretor é fazer valer o título, jogando para o “acaso” (a lente) ou para o espectador a louca perspectiva das coisas: a lente estrábica.
A segunda sequência mostra um homem de perfil, em primeiro plano, comendo uma lâmpada. A sequência seguinte “divide” o mar embaixo da Ponte do Brooklin: um navio passa a poucos metros de uma cascata.
Na quarta sequência, um navio se aproxima pelo lado direito da tela e um avião sobrevoa o mesmo plano. De repente o avião começa a se multiplicar, ao passo que o navio “empurra” o “plano vazio” do lado esquerdo da tela. O efeito preenche de modo dinâmico todo o espaço, um criativo uso do espaço cênico feito apenas pela montagem. Nas duas sequências seguintes observamos partes da cidade emergirem (tal como na primeira) e se encaixarem no restante estático do fotograma.
Antes da sétima sequência há um intertítulo: “Quem é maluco agora?”. Segue-se a cena mais criativa do curta: o diretor filmou momentos de diferente intensidade de tráfego em uma rua. Usando uma árvore como uma espécie de ponto-de-fuga ele contrapõe o que vem antes, com o que se segue. “Atrás” da árvore os carros avançam a toda velocidade, mas não os vemos completar seu caminho. Ao passar pela árvore os carros ficam extremamente lentos. Certamente, o melhor efeito do filme, e com certeza, um dos melhores do Primeiro Cinema.
O mesmo princípio, porém, em situações diferentes, é usado nas três cenas seguintes, mas nenhuma delas mais inventiva que a da “árvore-vórtice-desaceleradora”.
Como já dissemos, a preocupação com a narrativa não existe, fato que justifica a “incompatibilidade” das sequências. O curta tem apenas três minutos, mas revela uma incrível preocupação com a provocação das percepções mais básicas do espectador, e consegue isso de modo fenomenal e muito criativo".

Por Luiz Santiago.

Filmografia:

The Leech - 1921
The frist Woman - 1922
Is Money Everything? - 1923
Cockeyed - 1925
Shootin' Injuns - 1925
The Polent Leather kid - 1927
The Drop Kicck - 1927
The Great Divide - 1929
The Careless Age - 1929.

Nenhum comentário: